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Coordenadores de futebol de base pedem mudanças na legislação

Coordenadores de futebol de base pedem mudanças na legislação para fortalecer o esporte no Brasil. Eles participaram (em 8/6) de audiência pública da Comissão do Esporte da Câmara e listaram uma série de problemas para formar e manter os elencos das divisões de base dos principais clubes do país. Entre eles, estão a proibição legal de assinatura de contrato por atleta menor de 14 anos de idade, a insegurança nos investimentos do clube formador e o assédio de clubes estrangeiros e de empresários sobre os jovens atletas. Os coordenadores argumentam que a base é uma vitrine de novos talentos e avaliam que o trabalho de formação de atletas equivale, muitas vezes, ao de agentes sociais, cobrindo deficiências do Estado, como afirma o coordenador do Palmeiras, João Paulo Sampaio.

"Essas crianças têm diariamente alimentação, suplementação, profissionais preparados, nutricionistas, enfim, a estrutura de um clube. E a Lei Pelé não nos protege".

O coordenador de futebol de base da CBF, Erasmo Damiani, reforçou o apelo por mudança na legislação.

"É nós mudarmos essa legislação, fortalecermos o futebol de base para que a CBF possa contar com os clubes na liberação de seus atletas e saber que os atletas estão sendo bem formados para trabalhar".

Outros coordenadores ressaltaram que a atual legislação dá ao jovem atleta a possibilidade de não assinar o primeiro contrato com o clube que o formou. O representante do Santos, por exemplo, disse que 80% dos jogadores da base do clube já têm passes sob controle de empresários, que chegam a oferecer ajuda de custo e até apartamento à família dos atletas. O Grêmio informou que investe R$ 18 milhões por ano em sua base, sem retorno financeiro. Mas a queixa mais contundente veio do deputado Andres Sanches, do PT paulista, que confessou ter pensado em acabar com a divisão de base do Corinthians quando presidiu o clube, em 2010.

"Com o dólar a 4 (reais), é praticamente impossível conseguirmos segurar alguma coisa. O cidadão - seja ele com 12, 14, ou 20 (anos) - tem o direito de ir e vir. Você vai fazer o primeiro contrato e agora não se pode mais dar parceria para empresário, mas eles pedem 2 bilhões (de reais) de luvas. Se você não der, outros dão; se você não der aqui, dão lá fora. Então, essa é a realidade que nós vivemos, até pelos valores econômicos que temos hoje e pelo que se descobriu no futebol pós-Lei Pelé. Realmente é business. É conselheiro que rouba, outro que dá palpite. Conselheiro que manda jogar, treinador que manda não sei o quê, a imprensa falando que tem esquema. Para que passar por tudo isso? Esse é um dos grandes problemas que precisamos começar a discutir: como profissionalizar mais o futebol. De tudo isso, temos que começar a mudar a cultura".

Sanches preside uma comissão especial na Câmara que vai propor a reformulação da legislação do esporte. A audiência pública foi pedida pelo deputado Vicente Cândido, do PT paulista, para quem as leis atuais enfraquecem o trabalho formador dos clubes.

RÁDIO CÂMARA

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