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Adeus do "Fenômeno"

REPORTAGENS FOTOGRÁFICAS – RONALDO DÉBER- (085) 8721 2442

“Vai ser de arrepiar, de chorar”. É com essas palavras que Ronaldo descreve a sensação de dar adeus à Seleção. Três vezes eleito o melhor jogador do mundo (1996, 1997 e 2002), o Fenômeno se despede da Seleção Brasileira na próxima terça-feira, no amistoso contra a Romênia, em São Paulo. Em entrevista exclusiva ao jornalista Paulo Cesar Vasconcellos, o atacante se prepara para despertar de um sonho que vive há 18 anos.
- A minha história com a Seleção foi um sonho maravilhoso que eu vivi. Foi o momento mais feliz e a camisa mais importante que eu vesti na minha trajetória. A Seleção me deu uma popularidade, me deu um status, me deu orgulho. A minha carreira lá dentro foi brilhante - disse ao "SporTV Repórter".
Maior artilheiro em Copas, com 15 gols, o atacante deve jogar durante 20 minutos e prevê a emoção que deve sentir ao ouvir o Pacaembu lotado gritando o seu nome.
- Vai ser muito emocionante, vai ser de arrepiar, de chorar, de tudo. Mas estarei sempre próximo, junto. A Seleção Brasileira representa tanto para mim, me identifico tanto que não tem como me separar definitivamente.
Há quatro meses sem jogar, o Fenômeno garantiu que está treinando para não fazer feio com a camisa amarelinha e fechar a parceria de sucesso marcando um gol. Brincalhão, Ronaldo sabe a importância do jogo, apesar de ser um amistoso, e brinca:
- Imagina o Neymar me mandando correr.
Infância humilde em São Cristóvão
Apaixonado por futebol desde cedo, Ronaldo começou a carreira no futebol de salão, no Clube Valqueire, no bairro de mesmo nome, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Depois de fazer sucesso nas quadras, o Fenômeno resolveu se transferir para o futebol de campo.
- A passagem pelo futebol de salão foi incrível e determinante, importantíssima na minha vida. Eu acho que todo atleta deveria começar lá. Você aproveita todos os fundamentos básicos do futebol de salão, absolutamente todos, no campo.
Flamenguista, ele tentou ir para o clube do coração. Mas o custo para chegar até à Gávea – eram quatro passagens diárias - e as inúmeras peneiras do Rubro-Negro fizeram com que o atacante fosse para o São Cristóvão. Mais próximo de sua casa. Mas, foi anos depois, no Cruzeiro, que ele percebeu que a carreira poderia dar certo.
- Com 15 anos você ainda sonha muito, sonha em chegar muito mais longe. Mas foi no Cruzeiro que eu percebi que ia vingar. Eu comecei a receber uma estrutura muito melhor do que eu tinha, então comecei a evoluir, a me desenvolver melhor.
Passagem pela Europa
Pensando em fazer sucesso pela Europa e seguir a trilha do maior ídolo, Ronaldo foi contratado pelo PSV, da Holanda. Acostumado com o clima brasileiro, a adaptação do jovem de apenas 17 anos foi difícil, mas o aprendizado compensou as dificuldades que passou.
- Naquela época o que me motivou para passar por aquele desafio foi o Romário ter passado pelo PSV. Na época ele estava no Barcelona. Aquilo me incentivou a seguir o mesmo caminho dele. Quem sabe depois eu não vou para outro clube também, pensei.
E deu certo. Nos anos seguintes, o atacante passou pelo Barcelona, Inter de Milão, Real Madrid e Milan. Foi sucesso nas equipes que passou, mas garante que nunca deixou o sucesso subir à cabeça.
- Eu sempre fui muito crítico comigo. Eu sempre via meus jogos no dia seguinte para me criticar, para ver o que eu fazia de certo e o que podia melhorar. Essa vaidade de pensar 'já consegui tudo, já cheguei ao máximo', eu nunca pensei isso. Sempre fui dando passo a passo querendo melhorar, sempre fui o maior crítico da história comigo mesmo.
A volta para o Brasil
Depois do Milan, Ronaldo voltou ao Brasil e passou a treinar no Flamengo, seu clube do coração. Mas foi o Corinthians que acertou com o atacante. Na passagem pelo Timão, o Fenômeno conquistou o Paulista e a Copa do Brasil, ambos em 2009.
Não poderia ter morrido sem conhecer um bando de loucos, que realmente é um bando fantástico. (...) Essa parceria com o Corinthians foi maravilhosa. "
Ronaldo
- Foi maravilhoso, foi fantástico. Eu juro que não poderia ter morrido sem (voltar a) jogar no Brasil. Não poderia ter morrido sem conhecer um bando de loucos, que realmente é um bando fantástico, que apoia, que cobra, que xinga, que chora, mas que é um torcedor fiel realmente. Essa parceria com o Corinthians foi maravilhosa. Eu só tenho que agradecer por essa oportunidade.
Após a eliminação do Timão da Libertadores-2011 e com problemas físicos, Ronaldo anunciou a aposentadoria, em fevereiro.
- Eu não conseguia falar direito. Eu fui no meio do campo anunciar para os jogadores, antes de anunciar para a imprensa, que não dava mais. Eu não conseguia falar, eu só falei: ‘Estou aposentando, obrigada a vocês que me ajudaram esse tempo todo, que correram por mim’ – brincou.
As contusões
O ídolo lutou muito para superar lesões durante sua carreira. Em 2000, pelo Internazionale, Ronaldo sofreu uma grave lesão no joelho e rompeu o tendão. Depois da cirurgia, foram cinco meses de recuperação. No jogo de volta aos gramados, contra o Lazio, na final da Copa da Itália, o atacante se lesionou novamente. Após sete minutos em campo, ele rompeu o tendão do joelho direito completamente. Ronaldo teria que operar novamente e a previsão seria de muitos meses de tratamento. Apesar da descrença de muitos, ele nunca colocou em dúvida a possibilidade de voltar a jogar.
- Eu sempre fui tão otimista e me dava medo pensar o contrário. Não por questões financeiras, porque eu já tinha ganho muito dinheiro e podia viver tranquilo com o que tinha. Mas era amor mesmo, é paixão por futebol e respirar aquilo, gostar daquilo. Ouvi muitos diagnósticos desesperadores. De ir para casa e chorar, chorar e chorar. Eu chorei muito.
A Seleção Brasileira
A trajetória de Ronaldo com a camisa amarelinha começou em 1993. Convocado para a Copa de 1994, aos 17 anos, o atacante não saiu do banco de reservas durante o Mundial e relembra com carinho o contato com os ídolos.
- Em 94 eu servia cafezinho para o Romário, pegava a chuteira dele. Os caras zoavam o novato, o calouro. Mas eu fazia com maior prazer, eu estava tendo uma aula com os melhores professores do mundo e eu aprendi muito com aqueles feras.
Depois de uma ótima temporada no Barcelona, Ronaldo foi para a Copa de 98 como a estrela do time brasileiro. Ele marcou cinco gols com a camisa 9, mas, horas antes da final contra a França, sofreu uma convulsão. Apesar do mau súbito, ele tentou de tudo para participar do jogo decisivo.
- Depois de tudo que aconteceu no hotel, eu saí correndo falando com o médico: ‘Vamos ver se tem alguma coisa, se não tiver eu vou para o jogo’. Os exames foram todos perfeitos. Era como se não tivesse acontecido nada comigo naquele hotel. Cheguei no vestiário e não deu tempo de falar com ninguém, cheguei colocando a roupa e as pessoas ficaram me olhando. Eu falei: 'Está tudo bem, vamos para o jogo. Temos que ganhar isso.'
O resultado final, porém, não foi o esperado. A França venceu o Brasil por 3 a 0, e foi campeã pela primeira vez.
- A verdade é que independentemente do que aconteceu comigo, a França jogou como nunca, atropelou a gente em todos os sentidos, em todos os momentos do jogo.

Em 2002, depois de meses parado se recuperando de lesões no joelho, Ronaldo foi convocado por Felipão. O Fenômeno marcou oito gols – sendo dois na final contra a Alemanha – e foi o nome do Brasil na conquista do pentacampeonato. Apesar da brilhante atuação no Mundial, o corte de cabelo no estilo ‘Cascão’ também chamou a atenção em Ronaldo.
- O cabelo me ajudou muito na semifinal (contra a Turquia). Eu estava com uma dor muito grande na coxa na véspera da semifinal. Todo mundo só falava da contusão, que eu não ia jogar. Eu virei dúvida naquele momento. No último treino eu fiz o cabelo e ai todo mundo só falava do cabelo. Esqueceram da minha lesão. Eu fui para o jogo, joguei mal para caramba, mas fiz o gol da classificação de bico, estilo Romário.
Após a conquista na Copa do Japão e da Coreia do Sul, o Brasil tentou o hexacampeonato no Mundial de 2016, na Alemanha, mas foi eliminado precocemente pela França.
Reproduzido de Globo esporte .com

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