Foto: Paulo Rocha |
Em 1995, o Estádio
Presidente Vargas foi palco da decisão diante do Icasa com quase 8 mil
torcedores nas arquibancadas. O empate em 0 a 0 garantiu o 9º troféu cearense à
equipe coral por ter vencido o 2º e o 3º turno da competição.
Na quela data o ferrão
entrou em campo com a seguinte formação: Jorge Luiz; Biriba, Santos, Batista e
João Marcelo; Ricardo Lima, Paulo Adriano, Acássio e Hilton; Robério e
Reginaldo. No banco, o treinador Ramon Ramos, ex-atacante coral durante a
década de 80 e auxiliar técnico na campanha vitoriosa do Estadual de 1988.
Sem os atacantes Cícero
Ramalho e Batistinha, destaques da campanha da temporada anterior, restou
apenas Acássio do trio ofensivo. Porém, em 1995, ele faria uma dupla lendária
com Robério, artilheiro do ano com 26 gols. A formação da frente coral garantiu
o melhor ataque da competição com 95 gols em 47 jogos, perdendo apenas quatro
partidas.
Acássio se tornaria o
7º maior goleador da história do clube, com 74 gols em 132 duelos, sendo o
atleta que mais vezes balançou as redes em clássicos estaduais com a camisa do
Ferroviário: seis tentos contra o Alvinegro e 20 contra o Tricolor do Pici.
Em entrevista, Acássio
comentou sobre a decisão de 95 contra um forte Verdão do Cariri.
"Um jogo muito
difícil. Fizemos um grande ano, um campeonato perfeito. O Icasa era um time que
tinha todas as condições de ser campeão. As duas equipes passaram por Ceará e
por Fortaleza e, por merecimento, chegamos à final", lembrou o ex-atleta.
A concentração entre
os responsáveis pelo feito foi chacoalhada momentos antes do apito inicial, mas
não o suficiente para tirar o foco na taça.
"Tem umas
histórias curiosas sobre a partida. Na nossa saída da Barra para o PV, o ônibus
quebrou a uns 300 metros do estádio. Algumas pessoas supersticiosas acharam que
era uma notícia negativa do que poderia acontecer no jogo, mas nada disso
influenciou no resultado. Fizemos uma bela partida e fomos campeões. O
Ferroviário dominou o campeonato de ponta a ponta. Começava em janeiro e
terminava em dezembro e fomos dominantes durante toda a temporada".
Afirmou Acássio .
O caminho para o
sucesso
A caminhada que
culminou no bicampeonato teve percalços anos antes, como um bom roteiro de
superação. Goleado por 9 a 1 pelo Ceará em 1993 e com a renúncia da diretoria
do clube no dia seguinte, a crise foi instaurada na Barra. O novo presidente,
Clóvis Dias, foi o responsável por recolocar o time nos trilhos.
Com o triunfo no 1º e
no 3º turno do estadual, encarou novamente o Vovô na final e, na ocasião, o
empate também garantia o título. 0 a 0 na decisão entregou o primeiro
campeonato do bi coral.
Ronivaldo Vieira,
historiador e professor, acompanhou a grande fase do Tubarão de perto e
relembra a sensação da torcida durante aquela época.
"Eu tinha 26
anos. A maior lembrança é de que vínhamos numa boa campanha em 94. O presidente
era Clóvis Dias, que montou um boa equipe. Todos os torcedores estavam na
expectativa porque a pressão era grande. Achávamos que seria um jogo fácil, por
não ser um time da capital, mas foi duro contra o Icasa", relatou
Ronivaldo.
Seu pai era torcedor
fanático e viajava para assistir aos confrontos em Quixadá, em Sobral e outras
cidades do Ceará, transmitindo a paixão aos filhos quando os levava ao estádio.
"O Ferroviário
não foi tricampeão em 1996 porque o Ceará trouxe o time do Rio Branco, interior
do São Paulo, de nível superior, para disputar o Campeonato", lembra o
professor à reportagem.
Antes patrocinado pela
Rede de Viação Cearense (RVC), o Ferrão recebia dinheiro que era descontado
diretamente da folha salarial dos funcionários da empresa. Com sua
privatização, em 1997, os recursos para o clube foram diminuindo e,
consequentemente, a qualidade da equipe também.
Um desses
profissionais da RVC era o pai de Irlenilda Pereira, hoje com 60 anos, que
recorda do peso sentido pelo Ferroviário após o corte do dinheiro. Apesar
disso, narra com felicidade o sentimento no PV naquela conquista em 1995. "Foi
uma experiência única. Naquele tempo, podia entrar em campo e foi emoção
demais. Era gente gritando, chorando, cercando os jogadores e comemorando com
eles", falou a torcedora.
O título brasileiro em
2018 com a Série D , é o orgulho maior de Irlenilda, que viajou junto com o
marido na árdua caminhada rumo à taça inédita. De geração em geração, o amor
pelo time chegou ao neto Gustavo, de apenas 3 anos de idade, que já canta o
hino coral.
Esperança
As decepções na Série
C nos últimos dois anos não extinguem a fé de um novo período de sucesso na
Barra do Ceará, como afirma Ronivaldo. "Sentimos frustração, né, mas o
torcedor do Ferroviário vive de frustração e de esperanças", acredita o
professor.
"Torcemos para
que forme um time bom no ano que vem. É um amor para sempre. Que no próximo ano
consiga subir para a Série B, ganhar projeção. Estou frustrada porque já tinha
feito um calendário com uma amiga de Belém para acompanhar meu time contra o
Paysandu em 2020. Meu marido e eu já estamos nos programando para, quando tiver
a vacina da Covid-19, voltarmos ao estádio", afirma Irlenilda.
O laço emocional com
um clube de futebol pode fraquejar, mas para aqueles de fato apaixonados, não
importa o número de troféus na prateleira. O coração vermelho, branco e preto
palpita com o mesmo ritmo frenético quando o Ferroviário entra em campo.
O atual presidente do
Ferroviário, Newton Filho, estava na arquibancada em 95 e sonhava levar o time
a um titulo cearense.
“Em 95, estava como
torcedor nas arquibancadas. Não fazia parte de diretoria, de nada. Foi um
momento muito feliz, marcado na história dos torcedores. E hoje, na posição de
presidente, trabalhamos para que um título estadual volte o quanto antes. Mas
sabemos que na atual conjuntura, bem diferente de 94/95. Para voltarmos a ser campeões,
passa primeiro pelo nosso fortalecimento no Brasileirão. Temos nos estabelecido
na Série C, com partipação digna" ”, disse o mandatário coral.
Credito: DN
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