Apesar de ser um dos menores países do continente africano, a Guiné Equatorial deixou uma boa impressão na Copa do Mundo Feminina da FIFA, mesmo tendo pela frente um grupo nada fácil, com adversárias do porte do Brasil, da campeã asiática Austrália e das norueguesas, campeãs mundiais em 1995.
"A Guiné Equatorial tem de ficar muito orgulhosa destas meninas, pois elas demonstraram dentro de campo toda a sua força e todo o amor pelas cores do país", diz o treinador Marcello Frigerio aoFIFA.com. "Se continuarmos assim na última partida, com esse comportamento, sairemos do torneio de cabeça erguida", completa.
Todo esse otimismo não é fruto do acaso, mas sim do desempenho apresentado apesar do renome das adversárias. Foram duas derrotas, é verdade, mas por apenas 1 a 0 diante da Noruega, já no finalzinho do jogo, e por 3 a 2 diante das australianas. "O nosso objetivo aqui sempre foi deixar uma boa impressão", continua o técnico de nacionalidade italiana, mas nascido no Brasil. "Não temos nenhuma obrigação. A pressão está sobre as nossas adversárias, que têm mais tradição no futebol feminino e, por isso, maiores expectativas."
As raízes do treinador fazem com que a despedida da Alemanha 2011 tenha um sabor diferente, já que a adversária será a seleção brasileira, quarta-feira, em Frankfurt. "É claro que será uma partida especial", admite. "É o meu país de origem e, quando já não estivermos mais na competição, com certeza apoiarei o Brasil. É importante que elas tenham um bom desempenho para que o futebol feminino continue crescendo no país. Depois do próximo jogo, obviamente torcerei por elas até o fim."
Mas, antes de vestir a camisa verde e amarela, Frigerio precisa se preparar para enfrentá-la. "Será uma partida difícil, mas nós as conhecemos bem, sabemos como jogam", analisa. "A intenção é entrar em campo com a mesma determinação com que jogamos as partidas anteriores. Contra a Austrália, faltou muito pouco para empatarmos. Vamos fazer a mesma coisa diante do Brasil para sairmos da competição de cabeça erguida."
O desenho tático da Guiné Equatorial revela uma equipe corajosa. As africanas sempre vão a campo com um sistema ofensivo, montado em um 3-4-2-1 e confiando na qualidade da capitã Genoveva Añonman. "Acredito que esta competição abrirá as portas de ligas mais fortes para muitas jogadoras", avalia o técnico, que seguirá no comando da seleção do país após o Mundial. "Várias delas provaram que são diferenciadas, competitivas. A Dulcia e a Carolina, por exemplo, mostraram a qualidade e segurança que têm para oferecer."
O projeto com as guinéu-equatorianas foi curto, mas Frigerio acredita que poderá ser de grande valia para o futebol do país, desde que a experiência adquirida seja aproveitada e mais iniciativas sejam tomadas. "Foi um trabalho intenso", explica o treinador. "Para disputar este Mundial, as meninas precisaram se adaptar a coisas novas, como o clima e a comida. Foram muitas situações novas em pouco tempo. Mas esta primeira experiência servirá para crescerem e alcançarem bons resultados no futuro."

A partida entre o Brasil, atual vice-campeão mundial, e a Guiné Equatorial, estreante em Mundiais Femininos, colocará frente a frente duas seleções em situações completamente diferentes. Enquanto as brasileiras já garantiram vaga nas quartas de final da Copa do Mundo Feminina da FIFA 2011, as africanas já sabem que voltarão para casa após o próximo jogo. Mas talvez isso embeleze ainda mais o espetáculo, já que ambas as equipes entrarão em campo completamente tranquilas e, teoricamente, sem grandes responsabilidades.
O jogo
Guiné Equatorial x Brasil, Frankfurt, quarta-feira, 6 de julho,13h (horário local)
Em cena
Depois de uma vitória burocrática por 1 a 0 na estreia contra a Austrália, Marta e Cia. fizeram uma apresentação de gala contra a Noruega e venceram por 3 a 0, mostrando boa evolução já na sua segunda partida. Um empate em Frankfurt será suficiente para assegurar a primeira colocação do grupo, mas as brasileiras não vão fugir ao seu estilo e certamente partirão com tudo para cima daGuiné Equatorial. Mostrando como sempre um ataque muito potente, a equipe do técnico Kleiton Lima também está com uma defesa bastante forte e ainda não sofreu gols na Alemanha 2011.
A jovem seleção guinéu-equatoriana, por sua vez, foi derrotada por 1 a 0 pela Noruega e por 3 a 2 pela Austrália. Apesar da decepção pelas duas derrotas, o selecionado mostrou um futebol bonito, técnico e corajoso, deixando uma excelente impressão na Copa do Mundo Feminina da FIFA. As esperanças do país estão depositadas sobre a ótima atacante Anonman, que liderará a equipe em campo na busca de um bom resultado na despedida do Mundial.
O número
 Três jogadoras que estarão em campo em Frankfurt na quarta-feira já marcaram dois gols cada uma nesta Copa do Mundo Feminina da FIFA. Além das brasileiras Marta e Rosana, a guinéu-equatoriana Anonman também já deixou a sua marca duas vezes. No momento, a artilheira da competição é a japonesa Homare Sawa, que balançou as redes três vezes.
O que elas disseram
"Até hoje falamos de como chegamos perto há quatro anos. Agora, estamos na luta mais uma vez e faremos de tudo para atingirmos o nosso objetivo." Maurine, ala esquerda do Brasil
"É algo maravilhoso para uma jogadora da minha idade ser a líder da seleção. É simplesmente especial." Anonman, atacante da Guiné Equatorial