”O futebol cearense precisa pisar em terra firme, abandonando o oceano de lama em que se banha, e as ondas denuncistas extemporâneas com as quais alguns se deleitam.” (Benê Lima)
Opinião
A TORMENTA QUE ANTECEDE A CALMARIA
Será justo subtrair nossas esperanças, de termos, no futebol cearense, dirigentes empenhados em levá-lo ao topo?
Ingênuos (?), sem dúvida não o somos. Sempre duvidei da tipologia da espécie humana a que pertenço. Saudável desconfiança a minha, salutar ceticismo o meu. Porém, conviver é preciso; sobreviver é imperativo; viver constitui desafio qualitativo.
O nosso direito e a prerrogativa de nossas escolhas com quem conviver, invariavelmente esbarra não no vasto território das almas viventes, mas, no estreito limite de seus valores.
Na verdade, são poucas nossas opções de escolha. E quanto mais seletivos formos, menos opções teremos. Para quem ainda não alcançou o ponto de vista proposto, devo esclarecer que falo sobre amigos, afinidade, lealdade, respeito, generosidade, retilineidade de caráter, falo, enfim, sobre valores.
É desolador vermos nossa sociedade ser tomada por uma onda de cinismo e falta de valores, que transforma direita e esquerda política meramente em siglas partidárias, quase que inteiramente descaracterizadas de perfil ideológico e valoração. Dito isto, por analogia já se pode depreender que somos descrentes da “santidade” humana, embora não me veja como a medida do comportamento humano. Mas, também, não aceito que pessoas de qualificação moral e ética abaixo da minha queiram posar de paladinos do bem, nem que queiram reformar a ética com o objetivo de acomodar seus interesses inconfessos. Ou mesmo, os cinicamente confessos.
Chegamos ao ponto. Como elemento de adjetivação e substantivação, na federação não há nem jamais houve santos, a não ser no sobrenome. Mas isso não tira das pessoas que por lá passaram, nem das que lá estão os méritos que porventura possuam. Também não as nivela, pois sabemos que a meritocracia é condição que pressupõe relativização de valor. E, de fato e não de direito, não somos iguais. Pois, nossa igualdade se esvai quando confrontada com nossas ações, atitudes e comportamento.
Nova visão
Passei a prover minha vida de mais satisfação, desde quando passei a acreditar na possibilidade de renovação das pessoas, e em como podemos atuar para exercermos influência positiva em suas vidas. Seria muita arrogância de minha parte, imaginar que as pessoas que dirigem o futebol cearense não pudessem renovar-se. Acreditei e acredito que essa revolução interior é possível sim, mesmo que em sua fase inicial do processo, esses revolucionários de última hora tenham de conviver com a contradição entre a lógica do bem (a ética) e a prática “malufista” do “subtrai, mas faz”.
A FCF vive sob a lógica do que há de pior na visão neoliberal: o perverso encolhimento do papel do estado e escassez de políticas sociais. Em contraposição, o esporte reclama, cada vez mais, por uma visão sócio-educacional-desportiva, como base elementar renovadora de uma sociedade em transformação.
Mesmo que aceitemos que Mauro Carmélio tenha cometido – como tantos – os seus pecados ‘capitais’, concedamos a ele a oportunidade da prática das virtudes do capital intelectual, do capital moral e do capital ético. Afinal, precisamos ter crenças, mais que descrenças.
Mauro está tomado por uma onda de vaidade que, se bem orientada, poderá projetá-lo como um grande líder, e um dirigente verdadeiramente revolucionário, como ele diz ter pretensão. E, para isso, mais que saber ouvir elogios, Mauro deve ser receptivo às críticas, sobretudo às boas críticas.
Mais que administrador, Mauro deve pretender integrar a orbe dos bons e competentes gestores. Portanto, impõe-se a reflexão, o aconselhamento, o exercício da liderança eficiente e eficaz, o planejamento estratégico, o tratamento gerencial das situações-problemas, agilidade decisória, rapidez reativa, entre outras.
Prefiro acreditar que podemos tirar um saldo positivo entre os fatos do ano esportivo findo, entre os quais podemos destacar: o emergir do capital intelectual, representado por Evandro Leitão; o ressurgimento da credibilidade da nossa Justiça Desportiva (TJDF), tendo a frente Ernando Uchoa Lima Sobrinho, e a disposição reformista de Mauro Carmélio, presidente recém-empossado da FCF.
Vale ressaltar, contudo, que o futebol cearense necessita de seus coadjuvantes - entre os quais nos incluímos – para edificar sua obra reformista.
Mãos a obra, todos!
Benê Lima
benecomentarista@gmail.com
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(85) 8898-5106
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