“Quando me volto para dar uma olhada em minhas idéias do passado, vejo que posso ter mudado algo no estilo e na expressão, mas quase nada no conteúdo essencial. Isso é coerência, já que não tenho compromisso com o erro.” (Benê Lima)
Opinião
UM DIRIGENTE EM ASCENSÃO
Renan Vieira vence o atoleiro, ganha tração e começa a fazer o expresso tricolor decolar
É inegável o alto grau de dificuldade do desafio de dirigir clubes com o perfil de um Ceará e de um Fortaleza. Entre tantos requisitos e pré-condições, uma grande capacidade de gerenciamento, ancorada numa visão sistêmica do clube, é condição indispensável para a constituição da base do sucesso.
Renan pode não representar o apogeu do capital intelectual, mas desde que saiba agregar como condição substituta, o capital intelectual que gravita a seu redor, estará instaurando um regime de cooperação que equivale e, às vezes até supera, a condição solitária de um líder competente, mas centralizador.
Ao que vemos, o atual presidente tricolor tem feito esforço no sentido de exercer sobre si certo domínio, e o reconhecimento de boa parte dos tricolores já se faz conseqüente. E o melhor é que o reconhecimento dessa nova postura do dirigente tem gerado dividendos em termos de adesão ao ideário de auxilio a administração em curso. E essa administração, para ganhar em eficiência e eficácia, precisa ir virando gestão. Ou seja, o gerenciamento de todas as nuances do clube deve integrar as funções e atividades de seu dirigente maior, razão pela qual ele necessita delegar parte das tarefas a pessoas de sua confiança.
E Renan tem caminhado em certa contigüidade com seus colaboradores, também tem buscado policiar-se na verborragia, evitando excessos que o lancem na condição de ególatra. Foi aconselhado a distribuir proporcionalmente o foco da atenção com o clube como um todo, e não só com seu departamento de futebol profissional. E parece que assim procedeu, por isso a “tesoura não comeu” como dantes.
Diante do esforço de sua busca por uma renovação mental, ganhou o direto a um resfolego, tomando um influxo para oxigenação de sua central cerebral, e dos demais órgãos vitais, via corrente sangüínea.
Que permaneça trilhando esse redesenhado caminho.
EFEMÉRIDES
DADA A LARGADA DA 1ª DIVISÃO CEARENSE
A mixórdia do Leão
De indicações que mais parecem formar uma miscelânea, e de uma situação que revela disposição para muita experimentação e pouca ciência, o Tricolor do Pici vai seguir tentando formar um time, a partir de um elenco de não muita opção, tanto em termos de qualidade, quanto em vista do conteúdo TTFM (técnico-tático-físico-mental) de seu grupo.
Vale destacar que o primeiro parágrafo deste texto foi escrito na sexta (8), quando ainda não tinha visto o time do Fortaleza jogar. Gostaria até de agora estar imaginando que havia me enganado. Todavia, vejo que não.
O futebol não é matéria simples. Há nele uma complexidade. Todos sabem sobre ele, mas de forma apenas superficial. Por isso, é temeroso sermos definitivos em certos quesitos sobre o tema. Mas é muito pouco provável – e aí já me arrisco – que dessa mixórdia que aí está, possamos ver brotar um time de bom padrão técnico e tático no Pici. Vai ter que se fazerem acréscimos. Em termos percentuais, os acréscimos deverão representar de 40 a 60% da equipe.
O Fortaleza precisa de um goleiro melhor e mais estável que Douglas. Não sei se Fabiano é esse goleiro, Acredito até que não o seja. Precisa de um lateral-direito para ser titular; um zagueiro melhor que Gilmak; um lateral-esquerdo melhor que Guto e Ronaldo; volantes de melhor qualidade que Leandro, Rogério, Régis e Eusébio; e de atacantes melhores que Cleiton e Reginaldo Júnior.
Alex Gaibu fica a meio-termo entre o atacante e o meia de que o time precisa. É um atleta que a maioria dos treinadores não gosta, por não ter as características do meia de armação (tempo das jogadas, bom passe e lançamento), nem as do atacante que joga pelos lados. Por isso não faz o time jogar, joga para si. Mas é claro que pode ser aproveitado, quando se faz o time jogar com uma transição ofensiva com três atacantes. De preferência numa variação do 1-4-4-2, qual seja: 1-4-2-1-1-2 (goleiro; zagueiros[4]; volantes[2], meia de armação[1]; meia-atacante[1]; atacantes[2].)
Outro detalhe sobre Gaibu. No que pese ele declarar que prefere jogar como atacante – que ele não é -, no Ceará, quando ele mais rendeu, o fez vindo de trás.
BREVES E SEMIBREVES
Atraso
desconcertante na FCF, também com relação à metodologia de preenchimento dos contratos de atletas. Quem não tiver uma “relicária” máquina de escrever, terá problemas. Sinal do não-tempo. Assim me relatou pessoa ligada a um de nossos clubes.
Uma festa
para os melhores da nossa 2ª divisão seria mais uma ação que, além de demonstrar um tratamento equânime à Segundona em relação à 1ª divisão cearense, a ela daria maior importância e visibilidade. Que tal? Ou os clubes da 2ª divisão são “filhos bastardos”?
Recebi
algumas reclamações vindas de cidadãos caucaienses, fulos com o “brother” Paulo Karam por ele se referir ao Caucaia Esporte Clube como um “time véi feito lá não sei como”. E o pior é que foi logo após ele fazer referência ao Tiradentes em tom um pouco menos agressivo. Não tinha como fazer a defesa do grande “brother”, já que ele, na questiúncula, de fato foi ligeiramente infeliz. Mas Paulo tem créditos monumentais. Coisas de quem usa microfone. Está compreendido!
Com certeza
o comentarista Ivá Monteiro terá dificuldade em conviver com a sanha de alguns internautas. Como Narcélio (o outro Karam) aceita dá tiro do pé, Ivá terá a tarefa nada fácil de convencer seus parceiros de programa - “Karam&Cia.” - a reverem o quinhão de democracia dado aos ouvintes. Afinal, internauta sem moderação, faz mais estrago que o “negão”.
Já tem comentarista
pedindo a cabeça do Luis Muller, técnico tricolor. E o mais grave é que não há consistência alguma em suas argumentações. Episódio que se repete, pois o mesmo foi feito com Silas Pereira. A culpa é de alguns arrendatários e chefes de equipe que adoram uma “chequementação”, mais que segmentação – que já não é algo bom, pois compromete a qualidade.
A propósito de
segmentação no rádio esportivo, ela tem gerado o descrédito dos profissionais-torcedores, mais que o dos torcedores-profissionais. Lembrando que essa tal segmentação tem um ranço de oportunismo e hipocrisia. Afinal, não conheço um só desses representantes que não coloque seu ganho em “vil metal” acima de sua preferência.
Setorista
do Tricolor do Pici, renitente no mau-hábito de querer enganar a torcida leonina, continua falando em nome de dez dos doze clubes da 1ª divisão cearense. A se depreender de suas demagógicas palavras, ninguém tem projeto, e o objetivo dos dez clubes, além do Ceará, é um só: tirar o tetracampeonato do seu Fortaleza. Menos, Rodrigão! Já não basta sua contribuição leviana para levar o Fortaleza à 3ª divisão brasileira?
Me liga
um talentoso colega cronista, para saber o que achei da entrevista de Mauro Carmélio a Sérgio Ponte. Respondo-lhe que Sérgio já fez melhores entrevistas. No entanto, (continuo) nosso problema é que agimos de maneira provinciana: entrevistamos amigos ou, como se fôramos amigos. Isso acaba por comprometer a profundidade do trabalho, e quem mais perde é o ouvinte, sobretudo aquele mais exigente.
É preciso
que façamos a seguinte ressalva: muitos, muitos mesmo, são os entrevistados que abanam o rabinho para os ditos figurões da crônica esportiva cearense. E, neste sentido, eles (os figurões) não têm culpa alguma. Outra vez nosso provincianismo ancestral – quiçá atávico.
Não constituí
nenhum colega cronista para falar por mim. Diante das tentativas de “queimação” de minha imagem que uns poucos maus caracteres tentam promover, deve dizer-lhes que jamais usei o microfone para falar inverdades ou construir uma falsa imagem de colegas, quer para o bem, quer para o mal. Tão-somente não aceito cerceamento de minha expressão, porque sou meu próprio censor.
Um apelo
aos colegas de rádio, jornal e televisão, no sentido de que tentem buscar maior apoio em visibilidade para as nossas coisas. Gente, a Segundona Cearense existe, do mesmo modo que a Terceirona após a Copa do Mundo. Gostaria de poder guardar um “instantâneo” que fosse da Segundona, já que da Terceirona não foi possível, pela mais absoluta falta de material.
Benê Lima
benecomentarista@gmail.com
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