Líder da Série C do Campeonato
Brasileiro, o Ferroviário Atlético Clube foi surpreendido com um e-mail
encaminhado pela Federação Cearense de Futebol e um ofício do Governo do Estado
do Ceará, assinado pelo Secretário Rogério Nogueira Pinheiro. Em ambos, o
reforço à solicitação da Confederação Brasileira de Futebol para que o Tubarão
da Barra indique uma nova praça esportiva para seus jogos, de forma que evite o
desgaste do gramado da Arena Castelão e, pasmem, garanta as boas condições para
os clubes representantes da Série A do Brasileiro.
Estupefato com o pedido, a
diretoria do Ferroviário prontamente enviou resposta à CBF, informando que,
infelizmente, não há, em nossa capital, outra alternativa de estádio apto a
sediar jogos oficiais. O Estádio Presidente Vargas, municipal, funciona como
hospital de campanha, e o Estádio Elzir Cabral, particular e de propriedade
coral, passa por reformas elétricas em meio à instalação de sistema de energia
solar. Portanto, a Arena Castelão é a única opção.
Entende-se, ainda, que o
Ferroviário, por jogar, em média, apenas duas vezes no mês em casa, ou seja,
durante apenas 180 minutos, não é o principal empecilho para um eventual
desgaste de gramado. Este que passou por reformas durante o começo do ano, com
objetivo frustrado de não termos mais desagradáveis situações como esta. Além
disto, como estádio público que é o Castelão, o Ferroviário possui o mesmo
direito de uso de todos os demais filiados da FCF e representantes da cidade de
Fortaleza, Estado do Ceará, em competições nacionais.
Há de se considerar que a
possível justificativa de apelo de público para jogos de Série A, o que
priorizaria esta à outras divisões, não faz sentido visto os jogos estarem
ocorrendo de portões fechados. Destaca-se, também, que os próprios regulamentos
do Campeonato Brasileiro da Série C, em seus RGC e REC, exigem estádios com boa
estrutura para o bom nível técnico da competição. Ou seja, é impensável o
Ferroviário ter que sujeitar a jogar em praças sem a devida qualidade merecida.
Tudo isso, somado à similares
episódios ocorridos no ano passado e ao deselegante, e desgastante, fato dos
vestiários de um estádio público seguirem adesivados em modo contínuo por
apenas dois clubes, sem qualquer explicação plausível, faz com que o
Ferroviário sinta-se amplamente desprestigiado, e até boicotado, pelos
principais setores que comandam, não só o futebol, mas todo o nosso Estado.
Vale ressaltar que os custos pagos pelo Ferroviário para uso da Arena Castelão
são exatamente os mesmos cobrados aos outros clubes e, mesmo assim, nunca houve
tentativa de retaliação por conta disto.
Prezando pela transparência com
seus sócios e torcedores, e pelo profissionalismo que impera hoje no clube, o
Ferroviário já se antecipou sobre a viabilidade de mandar seus jogos em outras
praças esportivas do Nordeste. A Arena Pernambuco mostrou-se favorável e bastante
receptiva ao time coral, com condições financeiras, por sinal, amplamente
favoráveis às que são praticadas na Arena Castelão. Ainda no estado
pernambucano, sensibilizado com a situação e reconhecedor da grandeza que é o
Ferroviário em nível nacional, o Santa Cruz Futebol Clube, através de seu
presidente, também abriu as portas do Estádio José do Rego Maciel, o famoso
Mundão do Arruda, para ter o Ferroviário mandando seus jogos pela Série C.
Outra proposta viável é a Arena das Dunas, em Natal, no Rio Grande do Norte,
que faz um trabalho exemplar de preservação de seu gramado.
Como a solicitação de mudança
partiu da CBF, o Ferroviário tem a convicção que todo e qualquer custo
envolvido será abraçado pela própria Confederação. Por enquanto, a tabela da
Série C segue sem alterações.
No mais, o Ferroviário lamenta
todo esse imbróglio e, já não bastasse as dificuldades diárias em meio a um
difícil campeonato, agora é preciso nos preocuparmos com mais essa novidade.
Vivemos uma pandemia mundial, jamais vista em gerações, e, aparentemente,
parece que ainda pouco se aprendeu. Ao invés de todos darem a sua cota de
sacrifício, há quem continue pensando em causa própria.
O Castelão pertence ao povo
cearense e não pode ser privatizado informalmente.
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