Atletas e comissão técnica da equipe tri campeã brasileira de 1970 |
A precisamente 50 anos atrás
acontecia a final da Copa do Mundo de 1970, a 9ª edição da Copa do Mundo FIFA,
que ocorreu entre 31 de maio e 21 de junho e conquistada pela terceira vez pelo
Brasil.
A competição, conquistada pela
nossa seleção, foi sediada no México, tendo como sedes nas cidades de
Guadalajara, León, Cidade do México, Puebla, Toluca. Dezesseis seleções
nacionais foram qualificadas para participar desta edição do campeonato, sendo
nove delas europeias (União Soviética, Bélgica, Itália, Suécia, Inglaterra,
Romênia, Tchecoslováquia, Alemanha Ocidental e Bulgária), cinco americanas
(México, El Salvador, Uruguai, Brasil e Peru), uma asiática (Israel) e uma
africana (Marrocos).
As seleções de El Salvador,
Israel, e Marrocos faziam sua primeira participação na competição. A edição
teve uma grande goleada: México 4-0 El Salvador. Esta Copa ficou marcada por
vários lances geniais de Pelé que não terminaram em gol, como uma cabeçada
defendida pelo goleiro inglês Gordon Banks e que ficou conhecida como a Defesa
do Século, o chute de antes do meio-de-campo contra o goleiro Viktor da
Tchecoslováquia que ficou conhecido como "O Gol que o Pelé não Fez",
além de um Drible de corpo contra o goleiro uruguaio Mazurkiewicz.
Numa das semifinais desta Copa,
ocorreu o chamado jogo do século, disputado entre as equipes da Alemanha
Ocidental e da Itália. A partida permanecia 1–0 para a Itália até os 90
minutos, quando Karl-Heinz Schnellinger empatou a partida e levou a decisão
para a prorrogação. Nessa prorrogação, ambas as seleções protagonizaram uma
sucessão de viradas de placar até que a Itália firmou a vitória em 4–3. Esta
partida é tida como a primeira e única em todas as Copas a ter cinco gols
feitos na prorrogação.
Além destas equipes, uma das
seleções favoritas era o Brasil que, embora tenha tido um retrospecto ruim em
1966, montou uma equipe repleta de estrelas, como Pelé, Jairzinho, Tostão,
Rivellino, Gérson, Clodoaldo, Piazza e Carlos Alberto Torres. Nesta edição, o
Brasil venceu todos os jogos das eliminatórias e da Copa. Esta equipe mostrou
ser uma das mais eficientes de todos os tempos e foi considerada a melhor de
todos os tempos.
A final desta edição foi
disputada pelo Brasil, que havia eliminado o Uruguai e o Peru; e a Itália, que
eliminara a Alemanha Ocidental e o México. A partida foi realizada em 21 de
junho no Estádio Azteca na Cidade do México, com um público estimado em 108 000
pessoas. Sob o apito do árbitro alemão Rudolf Gloeckner, o primeiro tempo
terminou empatado em 1–1. Ao final dos 90 minutos, o placar era de 4–1 para a
equipe brasileira. O título serviu de propaganda política, quando o país estava
no auge da ditadura militar brasileira. Este título também pôs o Brasil como a
primeira seleção a ser tricampeã, confirmando a superioridade brasileira em
relação ao futebol mundial. O capitão Carlos Alberto Torres levantou a Taça
Jules Rimet entregue pela última vez em Copas, agora em caráter definitivo.
Escolha da sede
Argentina, Austrália, Colômbia,
Japão, México e Peru foram candidatos a serem anfitriões da Copa do Mundo FIFA
de 1970. O México foi escolhido durante as Olimpíadas de Tóquio como a nação
sede através de uma votação no congresso da FIFA em Tóquio, em 8 de outubro de
1964, vencendo a única outra proposta apresentada pela Argentina. O fato de a
Cidade do México ser a sede dos Jogos de 1968 pesou favoravelmente — o país já
teria estrutura suficiente para bancar uma Copa. A altitude quase atrapalhou o
desejo mexicano. O torneio tornou-se a primeira Copa do Mundo sediada na
América do Norte e a primeira a ser realizada fora da América do Sul e Europa;
anos depois, o México se tornaria o primeiro país a sediar duas vezes a Copa do
Mundo FIFA, quando recebeu o evento de 1986, depois que a sede original, a
Colômbia, desistiu por problemas financeiros.
Eliminatórias da Copa do Mundo
FIFA de 1970
Um total de 75 times se
inscreveram para as Eliminatórias. Notáveis equipes como Portugal, França,
Hungria, Argentina e Espanha falharam em obter a classificação. Enquanto isso,
o Marrocos tornou-se a primeira seleção africana a participar das finais da
Copa desde a Segunda Guerra Mundial.
Primeira fase
A Copa de 1970 foi, como de
costume, precedida por disputas sobre sua organização. Esta Copa foi a primeira
a ser televisionada em cores. Porém, para que as transmissões se encaixassem
melhor nas programações da televisão européia, algumas partidas começaram ao
meio-dia. Esta foi uma decisão impopular entre muitos jogadores e treinadores
por causa do intenso calor no México neste período do dia.
O formato da competição
permaneceu o mesmo da Copa anterior: dezesseis equipes classificadas, divididas
em quatro grupos com quatro que se enfrentariam em turno único. Os dois
primeiros colocados classificar-se-iam às quartas-de-final. Porém, pela primeira
vez nas Copas, o critério de desempate em no caso de igualdade de pontos na
fase de grupos era o saldo de gols (e não mais jogos-desempate e gol average) e
se dois ou mais times tivessem o mesmo saldo de gols, o desempate se daria por
sorteio. Se uma partida das quartas ou das semifinais resultasse num empate
após a prorrogação também haveria sorteio para definir a equipe classificada.
Pela primeira vez, substituições
foram permitidas em Copas do Mundo. Cada time poderia fazer duas alterações
durante o jogo. A União Soviética foi o primeiro time a se utilizar do
expediente contra o México na partida de abertura. Viktor Serebryanikov foi o
primeiro jogador a ser substituído, pois Anatoly Puzach entrou em seu lugar
após os 45 minutos iniciais.
Esta Copa também foi a primeira a
apresentar o uso dos cartões amarelo e vermelho para advertências e expulsões
respectivamente (note que as advertências e expulsões já existiam antes de
1970). Cinco cartões amarelos foram mostrados na partida de abertura entre México
e URSS, enquanto nenhum cartão vermelho foi mostrado em todo o torneio.
A controvérsia cercou a Copa
antes mesmo que uma bola fosse chutada. Bobby Moore, capitão da seleção inglesa
foi acusado de roubo a uma joalheria, e subsequentemente preso, na Colômbia,
onde o time fazia um amistoso pré-Copa. Ele foi solto temporariamente para
poder jogar a Copa, e depois as acusações foram discretamente retiradas.
No Grupo 1, os donos da casa não
decepcionaram sua torcida e se classificaram junto com a União Soviética, ainda
que houvesse algumas controvérsias nas vitórias mexicanas de 1–0 sobre a
Bélgica e de 4–0 sobre El Salvador.
O Grupo 2 apresentou exatos seis
gols em seis jogos com Itália, atual campeã européia, e Uruguai, atual campeão
sul-americano, prevalecendo sobre Suécia e a surpreendente seleção de Israel
após uma série de partidas pouco empolgantes. Desse grupo porém acabaria saindo
dois dos quatro semifinalistas.
Os primeiros grandes momentos
desta memorável Copa do Mundo ocorreram no Grupo 3, no qual o bicampeão Brasil
e a defensora do título, Inglaterra se somaram as fortes equipes europeias da
Tchecoslováquia e Romênia. Na revanche da final da Copa de 1962, os brasileiros
começaram perdendo para os tchecoslovacos, mas conseguiram reagir e acabaram por
vencer a partida por 4 gols a 1. Pelé marcou um dos gols, mas o lance dele que
ficaria marcado para sempre nesta partida foi a tentativa efetuada do meio de
campo que quase bateu o goleiro Ivo Viktor, a bola passou rente a trave. O
choque de campeões entre a seleção canarinho e o English Team atendeu às
expectativas. O lance mais célebre desta partida foi a forte cabeçada para o
chão de Pelé que não atingiu o gol por conta de uma impressionante defesa de
Gordon Banks, que conseguiu colocar sua mão por baixo da bola e mandá-la por
cima do travessão. No fim, foi um gol de Jairzinho que sacramentou a vitória
dos brasileiros pela contagem mínima. Na última rodada, a Romênia impôs
dificuldades ao Brasil, mas o time de Zagallo acabou vencendo por 3–2. A Inglaterra
também passou à segunda fase, batendo romenos e tchecoslovacos pela contagem
mínima.
No Grupo 4, o Peru e seu estilo
ofensivo conseguiu uma importante vitória contra a Bulgária por 3–2, após estar
perdendo de 2–0 no intervalo. Marrocos começou bem sua primeira partida contra
a Alemanha Ocidental, saindo na frente. Mas os alemães conseguiram a virada por
2–1. Os alemães também começaram atrás contra os búlgaros, mas um hat-trick de
Gerd Muller ajudou na virada, que acabou em 5–2. Muller marcou mais um hat-trick
na última rodada com placar de 3–1 dos alemães contra os peruanos. No fim, o
Peru acabou avançando junto com a Alemanha Ocidental, pois havia vencido
Marrocos por 3–0, com três gols em 11 minutos.
Segunda fase
Nas quartas-de-final uma
transformada Itália bateu o México por 4–1, de virada. Os donos da casa saíram
na frente com um gol de José Gonzales, mas Gustavo Pena marcaria um gol contra
empatando a partida antes do intervalo. A Itália dominou o segundo tempo. Dois
gols de Luigi Riva e um de Gianni Rivera trouxeram o jogo ao seu placar final.
Em Guadalajara, o caminho do Peru acabaria com a derrota de 4–2 para o Brasil
após uma partida que demonstrou dois times ofensivos.
A partida entre Uruguai e União
Soviética permaneceu sem gols até cinco minutos antes do fim da prorrogação,
quando Victor Espárrago conseguiu arrancar um gol e classificando os
sul-americanos. A última quarta-de-final foi uma revanche da final da Copa
anterior entre Inglaterra e Alemanha Ocidental, produziu uma das grandes partidas
da história da Copa do Mundo. A Inglaterra sofreu um duro golpe antes do jogo,
quando Gordon Banks sofreu severas dores de estômago. Seu reserva Peter Bonetti
assumiu a posição, e no começo do segundo tempo os ingleses lideravam por 2–0 e
o jogo aparentava já estar decidido. Porém, a Alemanha marcou com Franz
Beckenbauer no minuto 68. Em pânico, o técnico inglês Alf Ramsey decidiu
substituir Bobby Charlton. Sem Charlton, a Inglaterra não conseguia mais se
firmar na partida e não conseguia conter os incessantes ataques alemães. A oito
minutos do fim, Uwe Seeler cabeceou para marcar o gol de empate. A Alemanha
Ocidental agora era a dona do jogo e, na prorrogação, com um erro de Bonetti,
Gerd Muller marcou o gol da vitória, impossibilitando a defesa do título por
parte dos ingleses.
As semifinais apresentaram quatro
times que já haviam vencido a Copa no passado: Brasil vs. Uruguai, numa
revanche da partida final da Copa de 1950, e Itália vs. Alemanha Ocidental. No
jogo entre os sul-americanos, o Brasil conseguiu bater o Uruguai por 3–1 de
virada. Esta partida apresentou mais um brilhante lance de Pelé: com a posse de
bola dentro da área, ele conseguiu ficar frente a frente com Ladislao
Mazurkiewicz e, sem tocar a bola, ela passou à esquerda do goleiro, Pelé correu
para o lado direito, pegando a bola com o gol vazio a sua frente. O zagueiro
Ancheta não conseguiu tirar a bola, mas Pelé não conseguiu marcar por muito
pouco. A semifinal composta pelos europeus é tida por muitos como o melhor jogo
da história das Copas do Mundo. A Itália saiu na frente aos 8 minutos com um
gol de Roberto Boninsegna após uma bela jogada de "um-dois" com Luigi
Riva. A Alemanha Ocidental pressionou em busca do empate pelo resto do jogo,
até o final quando Karl-Heinz Schnellinger, que jogava na equipe italiana do AC
Milan, marcou o gol de empate nos acréscimos. Na prorrogação, Gerd Muller virou
a partida para os alemães no minuto 94. E Tarcísio Burgnich empatou novamente.
No minuto 104, Riva marcou o terceiro gol italiano sob a meta de Sepp Maier,
mas Muller uma vez mais marcaria, seis minutos depois. A direção de TV ainda
estava mostrando a repetição desse gol quando o meio-campista italiano Gianni
Rivera, desmarcado perto da marca do pênalti, voleou um belo cruzamento de
Boninsegna para o gol da vitória no minuto 111. Franz Beckenbauer jogou parte
da partida com uma clavícula quebrada após tentar simular uma falta na
prorrogação. Como Helmut Schön, técnico da Alemanha Ocidental, já havia feito
as duas substituições permitidas, Beckenbauer ficou com o braço numa tipóia. A
partida é tida como o "Jogo do Século", também conhecido como a
Partita del Secolo na Itália e Jahrhundertspiel na Alemanha. Um monumento no
Estádio Azteca na Cidade do México homenageia o jogo. A Alemanha Ocidental conseguiu
o terceiro lugar ao bater o Uruguai por 1–0.
Selo brasileiro comemorativo à
conquista do tricampeonato
Final
Na final, o Brasil saiu na
frente, com Pelé cabeceando um cruzamento de Rivellino no minuto 18. Roberto
Boninsegna empatou para os italianos após falha da defesa brasileira. Gérson
bateu um forte chute para o segundo gol, e ajudou na marcação do terceiro, com
um lançamento de falta para Pelé que cabeceou para Jairzinho. Pelé finalizou
sua grande performance saindo da marcação da defesa italiana e assistindo
Carlos Alberto Torres no flanco direito para o gol derradeiro. O gol de Carlos
Alberto, após uma série de passes da seleção brasileira da esquerda para o
centro, é considerado pela BBC o gol mais bonito de todos os tempos. Dos onze
jogadores do time brasileiro, dez tocaram na bola antes do gol.
A vitória consagrou o Brasil como
a primeira equipe a conquistar três títulos na história das Copas.
Com sua terceira vitória após
1958 e 1962, o Brasil pôde reter a posse da Taça Jules Rimet permanentemente
(ironicamente, ela seria roubada em 1983 enquanto estava em exposição no Rio de
Janeiro e nunca foi recuperada). O técnico brasileiro Mário Jorge Lobo Zagallo
foi o primeiro futebolista a se tornar campeão mundial como jogador (1958 e
1962) e como técnico, e Pelé encerrou sua carreira nas Copas do Mundo como o
primeiro (e até agora único) vencedor por três vezes. Jairzinho marcou pelo
menos um gol em cada dos seis jogos do Brasil (no primeiro jogo, contra a
Tchecoslováquia, ele marcou dois), um feito que até agora não foi repetido.
Porém, o artilheiro do torneio foi Gerd Müller, da Alemanha Ocidental, com dez
gols. Müller conseguiu marcar hat-tricks em dois jogos consecutivos, contra a
Bulgária e contra o Peru na fase de grupos.
PRIMEIRA FASE
3 de junho – Brasil 4 x 1Tchecoslováquia Jalisco, Guadalajara 16:00
Gols:
Petráš (Tchecoslováquia) aos 11
minutos de jogo
Rivelino aos 24 minutos de jogo
Pelé aos 59 minutos de jogo
Jairzinho aos 61 minutos e, aos
83 minutos de jogo
Público: 52 897
Árbitro: Uruguai - Ramón Barreto Ruiz
7 de junho Brasil 1 x 0 Inglaterra Jalisco, Guadalajara 12:00
Jairzinho aos 59 minutos de jogo Público:
66 843
Árbitro: Israel- Abraham Klein
Público: 66 843
10 de junho Brasil 3 x 2 Romênia Jalisco, Guadalajara 16:00
Pelé aos 19 minutos de jogo e aos
67 minutos de jogo
Jairzinho aos 22 minutos de jogo Relatório
Dumitrache aos 34 minutos de jogo
Dembrowski aos 84 minutos de jogo
Público: 50 804
Árbitro: Áustria - Ferdinand
Marschall
Quartas de final
14 de junho Brasil 4 x 2 Peru Jalisco, Guadalajara 12:00
Rivellino aos 11 minutos de jogo
11'
Tostão aos 15 minutos de jogo e
aos 52 minutos de jogo
Jairzinho aos 75 minutos de jogo
Gallardo aos 28 minutos de jogo
Cubillas aos 70 minutos de jogo
Público: 54 233
Árbitro: Bélgica - Vital Loraux
Semifinais
17 de junho Brasil 3 x 1 Uruguai Jalisco, Guadalajara 16:00
Clodoaldo aos 44 minutos de jogo
Jairzinho aos 76 minutos de jogo
Rivellino aos 89 minutos de jogo
Cubilla: aos 19 minutos de jogo
Público: 51 261
Árbitro: Espanha - José María
Ortiz de Mendibil
Final
21 de junho Brasil 4 x 1 Itália Estádio Azteca, Cidade do México 12:00
Pelé :aos 18 minutos de jogo
Gérson :aos 66 minutos de jogo
Jairzinho: aos 71 minutos de jogo
Carlos Alberto: aos 86 minutos de
jogo
Boninsegna :aos 37 minutos de
jogo 37'
Público: 107 412
Árbitro: Alemanha Oriental- Rudi
Glöckner
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